terça-feira, 29 de novembro de 2011







44ª Festa de Cristo Redentor - Martirio e Amor nos leva ao Cristo Redentor







44ª Festa de Cristo Redentor - Martirio e Amor nos leva ao Cristo Redentor






Jesus Cristo Rei do Universo

"O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A Ele glória e poder através dos séculos".

Irmãos e irmãs,

Chegamos com a solenidade de JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO, que celebramos hoje, ao encerramento do ano litúrgico A, dedicado à reflexão do Evangelho de Mateus.

A festa de hoje tem um sentido eminentemente militante: o Reino de Cristo na Terra. A Liturgia realça o caráter transcendente e escatológico do reinado e Senhorio de Cristo, que encarna ao mesmo tempo a figura de Pastor (Rei Messiânico) e de Juiz (Filho do Homem que morreu na cruz pela remissão de todos os pecados da humanidade), anunciando a todos o Juízo e a Paz.

A Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo REI DO UNIVERSO foi instituída no Ano Santo de 1925, pelo Papa Pio XI, em comemoração aos 16º centenário de proclamação conciliar do Dogma da Consubstancialidade de Jesus Cristo ao Pai, ou seja, que Ele é consubstancial ao Pai, verdade legada pelo Concílio de Nicéia.

Cristo, como “primogênito de todas as Criaturas” (Cl 1,15), é o rei e centro de todo o universo, que tem como coroa a multidão dos santos e nos convida a segui-Lo com entusiasmo e com unção, por ser “Soberano bendito, Rei dos reis, Senhor dos senhores” (1Tm 6,15).

A festa deste domingo, portanto, nos leva a refletir sobre a convergência para Jesus Cristo. A convergência de todas as criaturas da terra e do céu, ainda que seja preciso ter presente que esta convergência é fruto de uma intensa atividade das criaturas, como as “obras de misericórdia”.

Caros fiéis,

O Pastor é a imagem para indicar os reis e sacerdotes de Israel: o proprietário do rebanho é o Pai mesmo. Os pastores de Israel não serviram; por isso veio o dia da catástrofe – destruição de Jerusalém em 587 aC. O proprietário mesmo conduzirá agora o seu rebanho: Javé reconduzirá o povo disperso e cuidará especialmente das ovelhas desprotegidas, das ovelhas mais fracas. O Pastor fará justiça dentro do Rebanho, entre as ovelhas fracas e as ovelhas fortes. Ele será o Juiz que fará justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes, como nos ensina a Primeira Leitura(Ez 34,11-12.15-17).

Meus caríssimos irmãos,

Hoje celebramos a plenitude do Reino de Deus, Reino de Cristo, que é o Senhor e Juiz dos vivos e dos mortos, dos santos e dos pecadores. Reino de homens e mulheres que, pela dignidade de Cristo, são elevados à condição divina e ressuscitados como a mais bela, incorruptível, incontaminada e imarcescível existência no céu.

Jesus hoje, no Santo Evangelho(cf. Mt 25,31-46), fala da dialética do amor-caridade como o ideário básico da vida cristã, como uma cartilha a ser seguida e vivenciada com grande e renovado entusiasmo pastoral e evangelizador.

A lei do amor e da caridade é a lei do julgamento final, da parusia. Quem tem caridade e amor será digno de transpor os umbrais do Paraíso. O próprio Senhor nos pede que sejamos amorosos e caridosos, porque teremos a recompensa no céu: “Faze isto e viverás” (Lc 10,28).

Se Jesus Cristo é o Rei do Universo, todos nós somos convidados a participar deste Reinado. Com isso, todos nós devemos aspirar ao céu e procurar aqui e agora preparar alcançar esta realidade, porque todos os homens são co-herdeiros de Cristo e, tendo os mesmos sentimentos de Cristo, contando com a graça de Deus, todos nós seremos admitidos no Reino das Bem-aventuranças, relembrando a parábola dos talentos de domingo passado: “Vem participar da minha alegria!”.

Irmãos e irmãs,

Jesus se auto-intitula FILHO DO HOMEM. Aqui reside a profecia desta Liturgia que nos chama a atenção: Deus, com poder e majestade, implantou a justiça e a santidade entre os homens. Jesus, depois no Evangelho, se auto intitula REI. Isso tudo para dizer que o Filho do Homem, que é nosso Rei, nos admitirá no Reino dos Céus, depois do JULGAMENTO, que é o JUÍZO.

Esse julgamento não se o imagina com os olhos humanos, pois será com os critérios de Deus: cada qual será julgado em conformidade com as boas obras que praticou e será condenado em conformidade com as más obras que espalhou. Tudo na sua medida correta, dentro da JUSTIÇA E DA SANTIDADE.

Na cultura rural do tempo de Jesus, o Evangelho apresenta a figura da separação entre os cabritos e as ovelhas. Isso porque, no final do dia, o pastor separava as ovelhas dos cabritos; estes sentiam mais frio e precisavam ser mais protegidos. Jesus faz uma releitura desta figura: as ovelhas são aqueles que fazem as boas obras e os cabritos, apesar da proteção, são aqueles que andam pelos descaminhos do mal.

A hora da morte e do Juízo é comparada ao declinar do dia. Jesus virá pessoalmente, revestido de honra e poder real, como único Senhor da HISTÓRIA e JUIZ DO MUNDO, devendo julgar a todos com misericórdia e mansidão, os pesos de sua medida, de conformidade com as boas e as más obras praticadas em vida.

Tudo isso nos leva a refletir, a propósito, sobre a convocação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que é a convocação de Jesus: uma íntima ligação com o irmão sofredor, com aquele que passa fome e sede, com aquele que é excluído, com aquele que precisa ser acolhido e amado.

Foi lançado pela CNBB o “Mutirão de Superação da Fome e da Miséria”, que já está sendo trabalhado pelas comunidades católicas do Brasil. Acolher ao pobre e sofredor e lhe dar dignidade, convidando-o a participar do Banquete das Núpcias do Cordeiro, é a proposta do Episcopado Brasileiro, na plenitude do amor-caridade.

O importante não é ter somente as mãos limpas, como a ausência do pecado, com a vivência rigorosa da Lei Mosaica. O importante é ter a mão cheia de misericórdia e de obras de caridade, na vivência fraterna da Lei de Cristo. O Evangelho de hoje é destinado pelos méritos de Jesus e a colaboração nossa garante, portanto, que o Reino de Deus só se conquista pela prática de boas obras, nascidas da fé.

A bondade gratuita e pura revela-se quando nos dedicamos aos que não podem retribuir. É na doação ao “último dos homens”, ao pobre, ao marginalizado, ao abandonado, que damos prova de uma misericórdia laivos do mesmo sentimento divino.

Viver, segundo a Liturgia de hoje, é assumir a causa dos que mais precisam. Deus mesmo fez assim e este é o critério da participação garantida no senhorio de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois se somos “imitadores” dEle é provável que, desde já, teremos forças para chegarmos a uma eternidade com Ele.

Meus irmãos,

Jesus Cristo, pela segunda leitura(cf. 1Cor 15,20-26.28), venceu a todos os inimigos e especialmente a morte, com a sua ressurreição ao terceiro dia. Jesus submeteu tudo ao Pai e também como Rei Messiânico, de todo o Universo. Não um rei triunfalista, mas um Rei Amor e de Caridade que nos convida à conversão e à mudança de vida. Se Cristo, Rei do Universo, venceu o pecado e a morte para nos salvar, todos somos convidados a vencer o pecado e ascender à graça de Cristo, levando como meta de vida para o AMOR e a CARIDADE.

São Paulo descreve a vitória universal de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a morte. Esta vitória é a prova cabal do senhorio de Cristo, de sua realeza universal. Mas esta não é a sua: é do Pai. O Filho Jesus em tudo o que fez, entregará seu Reino ao Pai, uma vez que estará arrematado: Quando não mais existir o pecado e a morte. Então, Deus será tudo em todos e em todas as coisas.

“Ubi caritas era amor, Deus ibi est”, canta a Sagrada liturgia na Quinta-feira Santa. “Onde há amor e caridade, Deus aí está”. São João nos questiona: “Como pode alguém amar a Deus, a quem não vê, se não ama o seu próximo, a quem vês?” (Jo 4,20). Amando o próximo, amamos a Deus, pois onde há amor e caridade, Cristo viverá.

Vivamos a plenitude desse amor. Desta forma, estamos efetivando o Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo neste mundo, até o dia de seu retorno glorioso.